Scott Forstall conta um pouco da história do iPhone em entrevista
Conforme já tínhamos comentado aqui, ontem (20) o ex-executivo da Apple, Scott Forstall, deu uma entrevista em um evento da Computer History Museum.
Foi a oportunidade de ele contar, de forma divertida, um pouco da sua história e do início do “Projeto Púrpura“, que depois veio a se transformar no iPhone.
Scott é considerado o pai do iOS e após ter sido afastado da Apple, passou a produzir espetáculos para a Brodway (cujo dois espetáculos já foram nominados para o prêmio Tony).
Na entrevista, ele contou histórias já conhecidas do que aconteceu no início do iPhone, com alguns detalhes extras. Falou também como foi seu começo de carreira e como foi parar na Apple.
Scott contou que assim que saiu da universidade, se interessou por uma oferta de emprego na Microsoft. Porém, outra oportunidade lhe chamou a atenção: na NeXT, empresa fundada por Steve Jobs depois que foi expulso da Apple.
A decisão não era simples, pois ele deveria escolher entre uma gigante tecnológica como a Microsoft e uma empresa bem menor, a NeXT, toda endividada. Qual você escolheria?
Bastou uma entrevista com Jobs para ele decidir. Os dois se entrosaram desde o começo e Scott optou em 1992 pelo desafio da promessa de revolucionar o mundo partindo do zero. Hoje sabemos que ele fez a melhor escolha da vida dele.
Com a compra da empresa pela Apple, ele foi um dos responsáveis em transformar o sistema NeXTStep em MacOS X, que posteriormente ganhou uma versão para o iPhone.
Ele também conta que o que incentivou Jobs a criar um tablet foi o ódio que ele tinha pela Microsoft.
A empresa de Bill Gates projeta tablets desde os anos 2000, e em um determinado jantar, um dirigente dela veio para Jobs contar vantagem e debochar da maçã. Disse que eles estavam lançando um novo tablet que interagia com uma caneta tipo stylus e que seria a revolução do momento.
Jobs voltou para casa furioso, determinado a mostrar para a Microsoft “como se fazia um tablet da maneira certa“. Nascia ali o projeto para criar o iPad, que serviria de base também para o iPhone.
O projeto tinha como objetivo criar uma maneira do tablet não precisar de caneta nenhuma, bastando apenas o uso dos dedos. Como na época as telas chamadas de touchscreen precisavam de força para reconhecerem o toque (ela até se deformava um pouco), foi preciso apostar em outra tecnologia, as telas capacitivas.
Com o projeto em desenvolvimento, a Apple passou a ter uma outra preocupação: o que poderia ameaçar o mercado do iPod, que era então o grande filão da Apple.
A resposta parecia óbvia para Jobs: o celular. Em 2005, para onde quer que se olhava se via alguém com um celular, e bastava eles evoluírem bastante para começarem a também dominar o espaço de mp3.
Eu mesmo vivi isso na época. Apesar de já ser um grande fã e usuário da Apple e tendo assistido presencialmente a keynote de lançamento do primeiro iPod mini, eu decidi não comprá-lo porque meu celularzinho Sony-Ericsson já era capaz de tocar músicas e até vídeos (coisa que o iPod não fazia na época). Parecia lógico que era uma questão de tempo até que o iPod ficasse defasado em relação aos celulares, que se tornavam cada vez mais um objeto que as pessoas não saiam de casa sem.
O resto da história nós já sabemos: o projeto do iPad foi pausado e usaram a tecnologia já desenvolvida para criar um celular multitoque.
Scott fez um agradecimento importante no final. Disse que o iPhone não foi obra de uma pessoa, ou de quatro, mas de “milhares e milhares de pessoas que fizeram acontecer algo extraordinário“.
Se quiser assistir a entrevista completa em vídeo (em inglês), aí está: